quarta-feira, 18 de março de 2009

Genética e Fisiculturismo.

Muito se fala na importância da genética no fisiculturismo, ou seja, possuir gens que lhe permitam atingir um físico extremamente desenvolvido. A predisposição de determinado indivíduo para ter melhor simetria, maior massa muscular e pouco percentual de gordura está diretamente ligada a herança genética herdada por ele através dos gens. O contrário também ocorre, naturalmente, pois as características negativas, tal como a propensão a obesidade também é herdada.

A confusão ocorre porque a genética não é um jogo de cartas marcadas e muitas variáveis podem ocorrer num ambiente de probabilidades. Vejamos: um casal obeso provavelmente vai gerar filhos obesos (mesmo que essa característica só se manifeste mais tarde). Porém, ser filho de pais obesos não significa uma "condenação" a ser gordo. É fundamental observar que "herdamos" também hábitos alimentares, só que não através do DNA e sim pela convivência. Isto é óbvio: filhos de um casal que come errado (muita gordura e fritura por exemplo) terão grandes possibilidades de adotarem a mesma dieta dos pais. Neste caso, genética e alimentação jogarão contra esta pessoa.

Bem, a musculação entra, em geral, na vida de um jovem entre as idades de 15 e 20 anos e nesta fase, já somos responsáveis pelo que ingerimos, por isso aqueles que sempre comeram de forma saudável devem seguir esta linha e até mesmo melhorar, já os demais que cresceram comendo "bobagens" (e nesta quesito entra a grande maioria) é a hora de fazer uma mudança radical nos hábitos alimentares.

Feita esta mudança de hábitos, nos resta a "maldita" genética. Maldita porque raramente alguém esta satisfeito com ela. Alguns indivíduos, porém, não tem do que se queixar. São os poucos sortudos que comem errado e não engordam e os mesmos que dizemos que crescem só de olhar para os halteres. O problema maior é que tendemos a nos entregar ao derrotismo, tendo uma auto-imagem negativa. É comum ouvirmos: " minhas pernas são finas e não crescem". As pernas em especial, são membros realmente difíceis de se desenvolverem e podem levar anos para que isso ocorra, mas que só irão crescer se forem treinadas com muita carga e persistência, mas quantos de nós treinam pernas adequadamente? O mesmo exemplo vale para as panturrilhas, a parte mais amaldiçoada por aqueles que se queixam da "mãe natureza". Quantos preferem treinar panturrilhas e pernas ao invés de peito e braços? Eu afirmo que muito poucos.

Como saberemos se nascemos com a genética para atingir braços de 60cm? Só quem atinge esta marca pode dizer que nasceu com esta genética, mas um dia estes mesmos braços já tiveram 30cm e o atleta poderia ter desistido pelo caminho, culpando a sua genética. Aos que desejam ser um fisiculturista, mas que estão desanimados por serem "pequenos", aí vai um alento: o fisiculturismo está cheio de casos de atletas que começaram a treinar pesando 60kgs e que hoje possuem 80, 100, 120kgs. Evidentemente que não cresceram da noite para o dia ou apenas fazendo o ciclo que um amigo receitou. Esta evolução tem tudo pra ocorrer através da dedicação e persistência. Não existe essa de se matricular na academia, comprar uma creatina porque ouviu falar que funciona e querer ficar um monstro em três meses.

Vamos a exemplos práticos. O atleta atual que é considerado uma perfeição genética para o fisiculturismo, se chama Kenneth "Flex" Wheeler. Flex possui uma boa estrutura, ótima simetria e um físico que lembra os heróis dos quadrinhos: cintura fina, braços e ombros enormes, costas em formato de "v" e pernas que são mais grossas que a própria cintura, além de um físico "rasgado" quando em competição. Mas nem sempre ele foi assim, basta ver o vídeo "Mass Construction" que mostra o Flex começando a competir na adolescência, extremamente magro. Quantos adolescentes não desistem de malhar ora porque são meio gordinhos ora porque são um "fiapo"?

Muitos vão atribuir esta evolução do Flex aos esteróides, diuréticos e outras drogas, mas o fato é que mesmo com todos esses recursos farmacológicos, ele tornou-se uma "aberração" da genética e estes recursos são usados por milhares de outros atletas que não obtém o mesmo resultado. Sem dúvida que o binômio genética e esteróides pode levar uma atleta a um nível "world class".

Outra aberração se chama Nasser El Sonbaty, não pelo físico estético, mas pelo tamanho gigantesco. Nasser não chega perto de ter uma cintura fina como um Robby Robinson ou o próprio Flex Wheeler, mas tem uma massa muscular fenomenal. Só que a genética em si não teria feito dele um profissional da IFBB, se não fosse a dedicação e o desejo de ser o melhor que ele podia ser. Nasser herdou excelentes características para o fisiculturismo, mas não contava com a simpatia de seus pais.

Quando ele esteve no Brasil, em 98, contou que seu pai costumava jogar fora seus potes de proteína. Uma situação parecida com a que muitos de nós passamos, infelizmente. Se não fosse a vontade de ser um "animal", talvez o Nasser não fosse esse monstro que conhecemos e sua genética privilegiada teria tido o mesmo destino de seus suplementos: o lixo.

O atual bicampeão do Olympia, Ronnie Coleman, também atribui muito do seu sucesso a sua genética. No seu vídeo de treinamento, Ronnie explica que comia errado antes de começar a treinar em 89, mas mesmo assim já possuía um bom físico a ponto de chamar a atenção do dono da Metroflex Gym, que lhe ofereceu que treinasse de graça na academia. Ronnie disse que mesmo comendo bobagens, ele não acumulava gordura alguma, imagine então quando começou a se dedicar ao fisiculturismo. Em menos de um ano e meio de treino, em abril de 90, Ronnie entrava e ganhava o overall de dois campeonatos no Texas.

Minha mensagem final é a seguinte: não há dúvidas que para se chegar ao topo do fisiculturismo é preciso antes de mais nada, possuir uma excelente genética. Porém, em um nível mais baixo de competição e principalmente para aqueles que treinam de forma "recreativa", visando apenas chegar "sarado" na praia, a genética não é tão importante. Mais vale uma pessoa que supera suas limitações genéticas com muita dedicação aos treinos e dieta controlada do que alguém que por já ter o abdômem definido, prefere comer chocolate e assitir sessão da tarde na TV. Aliás, o fisiculturismo, é um esporte que pode ser muito bem definido pela palavra superação, pois tem tudo a ver com esforços sobre-humanos e com a superação dos limites, incluindo a maldita genética.
FONTE: http://www.saudenarede.com.br

domingo, 15 de março de 2009